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Panteão em Roma: a história por trás da arquitetura icônica

O Panteão em Roma guarda quase dois mil anos de história, com segredos arquitetônicos e simbólicos que fascinam visitantes de todo o mundo

Por Chrys Hadrian
8 Maio 2025, 07h00

Entre os inúmeros monumentos que fazem de Roma um museu a céu aberto, o Panteão se destaca como uma das obras mais extraordinárias já construídas pela humanidade. Localizado na Piazza della Rotonda, no coração da capital italiana, o edifício atravessou os séculos quase intacto, testemunhando a ascensão e queda de impérios, mudanças de religiões, guerras e transformações urbanas. Sua imponência não é apenas visual — ela é carregada de significado histórico, religioso e arquitetônico.

A geometria perfeita e a simetria do espaço interno criam uma atmosfera de harmonia e contemplação.
A geometria perfeita e a simetria do espaço interno criam uma atmosfera de harmonia e contemplação. (Nicholas Martinelli/Unsplash/Divulgação)

É um exemplo raro de construção antiga que nunca foi abandonada ou deixada em ruínas, o que explica seu excelente estado de conservação. Mas mais do que isso: o Panteão é um símbolo do poder e da genialidade do Império Romano, um verdadeiro tratado de engenharia em pedra e concreto que ainda intriga estudiosos do mundo todo.

A história e a construção do Panteão

Interior do Panteão em Roma” (c. 1734), de Giovanni Paolo Panini, retrata com maestria a imponência e a simetria do monumento romano.
Interior do Panteão em Roma” (c. 1734), de Giovanni Paolo Panini, retrata com maestria a imponência e a simetria do monumento romano. (Reprodução/Divulgação)

A primeira versão do Panteão foi construída em 27 a.C. por Marco Vipsânio Agripa, durante o governo de César Augusto. No entanto, essa estrutura foi destruída por um incêndio em 80 d.C. e, posteriormente, reconstruída — ou melhor, completamente reinventada — pelo imperador Adriano entre 118 e 125 d.C. O mais curioso é que, mesmo tendo sido responsável pelo projeto atual, Adriano manteve na fachada a inscrição original dedicada por Agripa, como um gesto de reverência à tradição romana.

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A palavra “Panteão” deriva do grego e significa “todos os deuses”. A ideia era justamente criar um espaço de culto amplo, dedicado às diversas divindades do panteão romano, simbolizando a unidade do império sob a proteção dos deuses. No entanto, o edifício também teve papel político: ao reunir todos os cultos em um único templo, Adriano reforçava a centralidade de Roma e a autoridade imperial sobre diferentes povos e crenças.

Em 609 d.C., o edifício foi consagrado como igreja cristã pelo Papa Bonifácio IV e passou a se chamar Santa Maria dos Mártires. Essa mudança foi fundamental para sua preservação, já que muitos templos pagãos foram abandonados ou desmontados após a cristianização do Império. A transformação em igreja permitiu que o Panteão continuasse sendo utilizado e cuidado ao longo dos séculos, o que o torna, até hoje, uma das estruturas antigas mais bem preservadas do mundo.

Os mistérios da cúpula perfeita

O óculo central da cúpula permite a entrada de luz natural e simboliza a conexão entre o mundo terreno e o divino.
O óculo central da cúpula permite a entrada de luz natural e simboliza a conexão entre o mundo terreno e o divino. (Tamal Mukhopadhyay/Unsplash/Divulgação)

A cúpula do Panteão é uma das maiores conquistas da engenharia romana e continua sendo a maior cúpula de concreto não armado do mundo. Com 43,3 metros de diâmetro, ela forma uma esfera perfeita com a altura interna do edifício — ou seja, caberia uma esfera exata dentro da rotunda. Essa proporção confere ao espaço uma harmonia quase mística, reforçada pela luz que entra pelo óculo central, um círculo de 9 metros de diâmetro que serve como única fonte de iluminação natural do interior.

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Mas como os romanos conseguiram erguer uma cúpula tão ampla e durável sem as tecnologias modernas? A resposta está em sua fórmula de concreto — que varia conforme a altura da cúpula, ficando mais leve nas partes superiores com o uso de materiais como pedra-pomes — e na presença dos caixotões, que reduzem o peso da estrutura e funcionam também como elemento estético. Além disso, o suporte invisível das paredes internas, com espessura de até 6 metros, garante estabilidade.

Com 43,3 metros de diâmetro, a cúpula do Panteão é a maior do mundo construída em concreto não armado.
Com 43,3 metros de diâmetro, a cúpula do Panteão é a maior do mundo construída em concreto não armado. (Gabriella Clare Marino/Unsplash/Divulgação)

O óculo não é apenas um detalhe técnico: ele tem forte carga simbólica. Representa o olho do céu, o ponto de contato entre o humano e o divino. Quando a luz entra pelo topo e se move ao longo do dia, cria um efeito cênico que transforma a experiência de quem está no interior do templo. Nos equinócios, a luz do sol entra em ângulo perfeito, iluminando a entrada principal — um possível indício de que os romanos integraram astrologia e astronomia ao projeto.

A influência da arquitetura romana no mundo moderno

Ricamente ornamentado, o interior do Panteão combina mármores coloridos, nichos decorativos e detalhes clássicos que exaltam a grandiosidade da Roma Antiga.
Ricamente ornamentado, o interior do Panteão combina mármores coloridos, nichos decorativos e detalhes clássicos que exaltam a grandiosidade da Roma Antiga. (Tamal Mukhopadhyay/Unsplash/Divulgação)

O impacto do Panteão na história da arquitetura é imensurável. Sua cúpula e planta circular influenciaram diretamente edifícios religiosos e civis por séculos, servindo de modelo para igrejas cristãs, mesquitas, bibliotecas, tribunais e até capitólios. Durante o Renascimento, arquitetos como Brunelleschi, que projetou a famosa cúpula da Catedral de Florença, estudaram minuciosamente o Panteão. Mais tarde, Michelangelo, ao desenhar a cúpula da Basílica de São Pedro, declarou que o Panteão era obra de anjos, não de homens.

Na era moderna, sua influência pode ser vista em construções como o Panteão de Paris, o Capitólio dos Estados Unidos e diversos prédios neoclássicos espalhados pela Europa e pelas Américas. O uso da cúpula como símbolo de poder, ordem e harmonia remete diretamente ao exemplo romano, que inspirou gerações de arquitetos e engenheiros.

A planta do Panteão revela sua estrutura simétrica e inovadora: uma rotunda circular perfeita conectada a um pórtico retangular com colunas coríntias.
A planta do Panteão revela sua estrutura simétrica e inovadora: uma rotunda circular perfeita conectada a um pórtico retangular com colunas coríntias. (Reprodução/Divulgação)

Além disso, o Panteão representa um marco na compreensão de como a luz e o espaço afetam a percepção humana. Sua geometria perfeita e o uso estratégico da iluminação natural criam uma experiência sensorial que transcende o tempo. Em uma era dominada por tecnologia e concreto armado, o Panteão permanece como uma lição viva de como aliar forma, função e significado espiritual.

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Curiosidades sobre esse monumento milenar

Em 609 d.C., o Panteão foi convertido em igreja cristã, o que garantiu sua preservação ao longo dos séculos.
Em 609 d.C., o Panteão foi convertido em igreja cristã, o que garantiu sua preservação ao longo dos séculos. (Federico di Dio Photography/Unsplash/Divulgação)

O Panteão em Roma é cheio de detalhes curiosos que o tornam ainda mais fascinante. Um dos mais conhecidos é que, apesar do óculo estar aberto permanentemente, a água da chuva não se acumula dentro do templo. Isso se deve a um sofisticado sistema de drenagem embutido no piso, com pequenos furos por onde a água escoa — algo impressionante para uma construção com quase dois mil anos.

Outra curiosidade é que o edifício serviu como mausoléu para personalidades italianas importantes. Entre os sepultados ali estão o pintor Rafael Sanzio, considerado um dos maiores nomes do Renascimento, e os reis Vítor Emanuel II e Humberto I, símbolos da unificação italiana.

As 16 colunas coríntias da fachada foram trazidas do Egito e sustentam o pórtico que marca a entrada do monumento.
As 16 colunas coríntias da fachada foram trazidas do Egito e sustentam o pórtico que marca a entrada do monumento. (Pantheon Roma/Divulgação)

Também é interessante notar que, apesar de sua fachada sugerir um templo tradicional com colunata frontal, seu interior surpreende com a planta circular e a sensação de espaço contínuo. Muitos visitantes são pegos de surpresa ao cruzar as portas de bronze originais — que ainda funcionam — e se deparar com a grandiosidade do ambiente interno.

Mesmo nos dias de hoje, o Panteão continua ativo. Missas são celebradas regularmente, e o espaço recebe milhões de turistas todos os anos. A entrada é gratuita, o que reforça seu papel como um monumento acessível e democrático, símbolo da herança romana preservada no coração de uma cidade que nunca deixou de se reinventar.

Esse texto foi feito com o apoio de CASACOR Publisher, um agente criador de conteúdo exclusivo, desenvolvido pela equipe de Tecnologia da CASACOR a partir da base de conhecimento do casacor.com.br. Este texto foi editado por Yeska Coelho.

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