Casa de 1200 m² une arquitetura clássica com design brasileiro e italiano
A reforma conduzida por Beta Arquitetura em parceria com o arquiteto Rodolfo Consoli – todos do elenco CASACOR – valoriza a arte contemporânea e o conforto
Localizada no Jardim Guedala (SP) esta casa de 1200 m² distribuídos em dois pavimentos passou por uma reforma completa conduzida pelo escritório Beta Arquitetura, dos arquitetos Bernardo Gaudie-Ley e Tânia Braida, em parceria com o arquiteto Rodolfo Consoli – todos do elenco CASACOR. Inserida em um terreno de 1000 m², a residência pertence a um jovem casal sem filhos.
Com fachada que mescla elementos clássicos e influências neocoloniais e mediterrâneas, a casa foi adquirida já com a intenção de ser completamente restaurada. A estrutura original foi mantida – incluindo a planta e o piso de tábuas corridas de madeira, que foi restaurado –, mas praticamente todos os ambientes internos e externos passaram por um processo de renovação que envolveu pintura, recuperação de metais originais de latão, marcenarias sob medida e uma curadoria minuciosa de móveis, objetos, luminárias e obras de arte.
Desde o início, os clientes pediram ambientes funcionais e confortáveis, pensados para receber com elegância. Na área externa, um dos destaques é o espaço ao redor da piscina, que ganhou duas grandes mesas de mármore verde desenhadas sob medida, com capacidade para até 16 pessoas. Mesas auxiliares complementam o conjunto, ampliando a versatilidade do espaço. A área externa da casa também abriga uma estrutura completa voltada ao lazer, incluindo academia, salão de jogos, área de churrasqueira, jardim de inverno, garagem e casa de máquinas. Os espaços amplos, com pé-direito generoso e abundância de luz natural, reforçam o clima de refúgio urbano. “Entre os pontos altos, destacaria a curadoria de mobiliário – com peças italianas e assinadas por grandes nomes do design –, as proporções generosas e a vista surpreendente, que faz até esquecer que se está em São Paulo”, observa Tânia Braida, da Beta Arquitetura.
Na parte interna, a sala de jantar ganhou um armário multifuncional de nogueira natural com frente ripada, que abriga adega, cervejeira, louças e taças. “O móvel também funciona como buffet de apoio para refeições e encontros sociais, unindo praticidade e sofisticação”, explica o arquiteto Bernardo Gaudie-Ley, da Beta Arquitetura.
A proposta de decoração equilibra o caráter clássico da arquitetura com mobiliário contemporâneo e modernista, criando um contraste elegante e atual. O conceito geral do projeto apostou em peças de design assinado, de formas marcantes e tamanhos generosos, dispostas em uma paleta neutra, rica em texturas. Elementos pontuais em cores vibrantes e materiais contrastantes foram incorporados para trazer dinamismo e identidade aos ambientes.
Para reforçar a elegância atemporal dos interiores, as paredes da sala de estar e do quarto do casal receberam molduras de madeira aplicadas diretamente sobre a superfície – uma releitura contemporânea das boiseries, pintadas no mesmo tom off-white das superfícies. Já os tetos e as sancas foram mantidos brancos, contribuindo para uma atmosfera leve e luminosa. “Esse mix confere identidade, charme e autenticidade aos espaços, refletindo o estilo de vida e os gostos dos clientes”, avalia Rodolfo Consoli.
Logo na entrada, o hall já entrega o espírito da casa: ali estão o banco Longo, assinado por Zanini de Zanine, a luminária Multi-Lite do design da dinamarquesa Gubi e uma tela grande de Bruno Passos apoiada no piso. Um porta-guarda-chuvas vintage de latão arremata a composição com personalidade.
Na sala de estar com lareira, o mobiliário reúne peças assinadas por grandes nomes do design, como o sofá de veludo verde assinado por Roberta Banqueri, que adiciona um toque de cor ao ambiente. No chão, o impressionante tapete Taj é inspirado na arquitetura do Taj Mahal e traz grafismos em relevo, feitos à mão na Índia.
A arte também ocupa um lugar central no projeto. Na sala de estar, destacam-se obras de Yugo Mabe (acima do sofá), Claudio Tozzi (sobre a lareira), Tomie Ohtake (sobre o buffet) e uma escultura tridimensional de Yutaka Toyota, posicionada na parede próxima à entrada da sala de jantar.
Na sala de jantar, o projeto reúne ícones do design brasileiro: cadeiras Tião de Sergio Rodrigues nas cabeceiras e modelo Prima de Bernardo Figueiredo nas laterais. Acima da mesa, o pendente Varal de Leo Shehtman (do acervo dos moradores) marca presença, enquanto a estante de marcenaria de nogueira natural desenhada especialmente para o espaço oferece funções de adega, louceiro e cristaleira. A cortina Silhouette da Hunter Douglas finaliza o ambiente com suavidade.
O solário, anexo à sala de estar, funciona como uma varanda informal, ideal para conversas, drinks e charutos. Já existente, a estrutura metálica com fechamento de vidro foi mantida, mas ganhou novo mobiliário. A sala da piscina também recebeu peças de destaque, como a poltrona J.J da B&B Italia e o sofá off-white, além da mesa de centro Duran, assinada por Zanini de Zanine.
No dormitório do casal, o projeto priorizou o aconchego com a poltrona N de Zanine Caldas, tapete branco e cabeceira de marcenaria de nogueira natural, com mesas laterais flutuantes no mesmo acabamento.
Um dos grandes desafios do projeto, segundo os arquitetos, foi justamente o tamanho da casa. “Era muita coisa – só de cadeiras de jantar, por exemplo, são cerca de 50”, lembra Bernardo. “Fizemos tudo por etapas, como o cliente preferia. Quando um lote de móveis chegava – às vezes com prazos bem longos –, posicionávamos e, a partir disso, escolhíamos os complementos. Muitas vezes, testávamos no próprio local para ver o que funcionava melhor”, completa Rodolfo.
